Por Wilson Rebelo
O enigma de Darci
Tenho dito que algumas derrotas dos opositores do PT ocorrem exclusivamente porque não se dão ao trabalho de tentar compreender o PT.
Passadas algumas eleições, o PT aprimorou seu modo de fazer política. Comparativamente, o PT apresenta sempre novas versões para a velha política, aí seus adversários não conseguem entender e acabam chegando à uma encruzilhada. Ou aderem ao PT de forma acrítica e começam a morrer lentamente, ou partem para o confronto atabalhoado e perdem fragorosamente.
Isso acontece em todo lugar e também em Parauapebas. Ali faz-se política de alta qualidade e o PT consegue se destacar.
Aqui vale um parênteses. Ainda não tenho bem formulada uma explicação para a vitalidade política de Parauapebas. Apenas intuo que isso se dê em função de sua constituição, enquanto município, ter sido fruto de um confronto aberto em relação à Marabá, cidade-mãe. Talvez isso tenha obrigado as lideranças a ter um comportamento mais arrojado e acabou contagiando a cidade. A verdade é que Parauapebas gosta de política e lá o "mexido" é grande. Lembremos que, hoje, em todo o Pará apenas Bel Mesquita, de Parauapebas, ocupa cargo relevante no Governo Federal; Claudio Almeida responde pela Executiva Regional do PR, um partido de relativo destaque e colocando na conta a influência notória de Darci Lermen no PT regional percebe-se que alguns eixos da política paraense passam por Parauapebas. Mas, voltemos ao tema central do post que este outro assunto ainda rende novo texto.
Dizia que o PT consegue destaque em Parauapebas mesmo após quase oito anos de administração. O desgaste acumulado parece não ter corroído tanto assim a base petista.
A pesquisa realizada para consumo interno pela administração de Darci mostra resultados surpreendentes. Contrariando a percepção geral, Darci melhorou em relação às pesquisas anteriores, acumula mais de 25% de aprovação (bom e ótimo) e credencia-se para ser o fiel da balança nas eleições do próximo ano.
Em grande medida isso somente foi possível graças ao belo enigma que Darci construiu para a oposição.
Usando a desculpa das "prévias" do PT, o prefeito permitiu que qualquer um que quisesse apresentasse sua candidatura à prefeito. Mais de sete candidatos surgiram e essa ideia, simples como devem ser todas as grandes ideias, conseguiu atingir vários objetivos ao mesmo tempo.
De cara, impede que a oposição centre fogo em um "candidato oficial" do prefeito; depois evita que o "fogo amigo" torne ainda mais vulnerável o "escolhido"; em terceiro lugar, compromete todas as tendências do PT com a defesa do governo de Darci; em quarto lugar, ao acenar até mesmo com um candidato de fora do PT, Darci anima ainda mais os partidos aliados.
A oposição, ainda que não reconheça, está perplexa e começa um movimento que parece equivocado. Lança um candidato após outro para combater uma candidatura que nem fazem ideia qual será. No polo da oposição, além de Valmir da Integral e Vassourinha, são candidatos Chico das Cortinas, Zé Rinaldo e Bel Mesquita, isso até esta semana. Talvez hoje outro nome já tenha surgido.
Convenhamos, considerando que mesmo coesa a oposição teria problemas para vencer o candidato de Darci, fracionada suas chances decrescem enormemente.
Estou escrevendo este post, registre-se, faltando mais de um ano para as eleições. Neste momento TODOS OS PRÉ-CANDIDATOS DO PT SOMADOS ATINGEM POUCO MAIS DE 17% DAS INTENÇÕES DE VOTO. Enquanto isso, pelas últimas pesquisas Bel e Valmir aparecem com mais de 25% das intenções de voto, cada um.
Ainda assim assumo o risco de afirmar que o PT de Darci não deixará de ser protagonista nas próximas eleições e que apenas as oposições unidas podem impedir a vitória do PT e aliados nas próximas eleições. Mas, não vejo sinais de qualquer movimento oposicionista no sentido de construir assa unidade possível e necessária para quem quer ganhar a eleição.
Assim, o enigma de Darci está fazendo com que a oposição, desnorteada, seja devorada aos poucos pela efígie da política.
Wilson Rebelo é editor do Blog Contraponto
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