terça-feira, 16 de agosto de 2011

Ao debate, sempre

Meu amigo Wilson Rebelo editor do blog Contraponto faz o contraponto a  postagem O Pará digno dos paraenses de autoria da Franssinete Florenzano e republicada por mim aqui. A ideia de publicar a postagem da Franssinete foi justamente essa, fomentar o debate sobre a divisão do estado do Pará, debate franco, aberto e  com amplo respeito a contraditório.

Veja a postagem do Contraponto:(aqui)

Argumentos inspiradores

Leio no blog do meu querido Wanterlor Bandeira um post de Franssinete Florenzano. Confesso que não a conheço. Prometo remediar isso.

Mas, como não tenho jeito mesmo, lá vou eu cutucar onça com vara curta.

Reproduzo abaixo trecho do post. Comento a seguir.

"Este ano, no plebiscito, é bom lembrar que a maioria dos políticos que pregam a divisão estão há décadas na vida pública, com mandato eletivo. Por que nunca fizeram algo de concreto em favor das regiões que dizem defender? Por que permitiram que as sucessivas gestões distorcessem prioridades? Por que calaram quando deveriam ter gritado? É muito fácil pregar em cima das necessidades óbvias. Libertador e eficaz é construir com ações firmes e sistemáticas o Pará digno dos parauaras."

Eis-me aqui:


Não sei qual será o resultado deste plebiscito, mas, quando leio argumentos como esses chego à conclusão que é mais viável construir um novo estado que esperar a mudança de mentalidade dos políticos e formadores de opinião de Belém.

Em primeiro lugar, é bom lembrar que mais tempo no poder têm aqueles que são contra a divisão, representantes legítimos de séculos de domínio da capital sobre o interior, pois não?

Em segundo lugar, como os separatistas fariam "algo de concreto" pela região quando todos os recursos foram destinados historicamente a favorecer o desenvolvimento da capital, Belém?

Em terceiro lugar, as prioridades foram distorcidas exatamente porque as sucessivas gestões foram exercidas por políticos comprometidos exclusivamente com Belém (alguns comprometidos exclusivamente com o próprio bolso).

Em quarto lugar, tanto não se calaram os separatistas que conseguiram estabelecer um debate estadual sobre a necessidade de dividir o estado em três.

Como é possível falar em dignidade quando aqui no sudeste do Pará estradas são intrafegáveis; hospitais são ruínas;  a segurança pública é de araque e a educação é um tenebroso faz-de-conta?

Para finalizar, presumo que Wanterlor e Franssinete sejam contra a criação do Estado de Carajás. Com todo o carinho do mundo devo dizer que estão errados.

Entendo que a classe política não inspira confiança mas é fato que o processo eleitoral é pedagógico e acaba por melhorar a qualidade dos eleitos. O próprio Wanterlor é exemplo disso.

Tive a honra de trabalhar na Câmara de Parauapebas no período em que Wanterlor exerceu a vereança e posso dizer que foi, longe, o melhor vereador daquela legislatura. Porém, duvido que os partidos no estado, controlados por políticos de Belém, jamais tivessem dado a ele qualquer chance de eleger-se, por exemplo, deputado estadual (Wanterlor foi candidato a deputado federal pelo PSOL, em mais um ato de generosidade que em outros eu chamaria de "doidice").

A criação de Carajás vai permitir que políticos ruins concorram? Sem dúvida

Mas a criação de Carajás também dará oportunidades para que políticos realmente comprometidos e sérios concorram com chances de eleição e construam um novo estado.

Ao final, meus caros, libertador mesmo é livrar-nos das correntes que nos amarram à miséria e nos condenam ao atraso.

É preferível ter uma elite política atrasada mas que esteja ao alcance de nossos gritos, que continuar obedecendo às determinações de uma elite pseudo-iluminada que costuma ver nossa região como um celeiro de votos e um cofre de divisas. 

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