quarta-feira, 31 de março de 2010

POR QUE VENCEMOS?


Por que e como vencemos? Essa é a pergunta que freqüenta todas as esquinas, bares e mesas de conversa sobre o Encontro Estadual que decidiu por aliar o PT ao PCdoB de Flávio Dino, e rejeitou o PMDB e o DEM de Roseana Sarney.
Foi a batalha política de toda a nossa vida. Vencer naquele 27 de março de 2010, ainda que mais na frente fôssemos derrotados por cima, era uma questão de honra para demonstrar que a alma do velho petismo ainda existia.
E por que vencemos?
Vencemos porque fomos instrumentos. Como o PT sempre se propôs. Instrumento da luta social, dos camponeses, dos trabalhadores, dos estudantes, dos intelectuais, da Igreja progressista, das organizações sociais, da luta anti-oligárquica, de seus militantes engajados e simpatizantes.
Vencemos porque ganhamos o debate na FETRAF, no MST, no Movimento de Quebradeiras de Coco, na FETAEMA: 217 sindicatos de trabalhadores rurais em um só clamor: “o caminho não é o da oligarquia!”
Vencemos porque ganhamos o debate na CUT; no meio universitário, entre os intelectuais; nos movimentos sociais.
Vencemos porque soubemos expressar esse sentimento de fora para dentro do PT. Soubemos ser grandes. Soubemos recuperar e defender nossa história.
Vencemos porque fomos um todo e porque entendemos que a derrota ou a vitória seria de todos, mas sobretudo do povo maranhense – especialmente os mais pobres.
Ainda que restem derrotados, vencemos porque não pretendemos ser o único a ganhar. Ganha todo o partido que agora devemos saber unificar.
O encontro foi legítimo, legal, representativo. Inquestionável. Sem recurso algum apresentado ao seu final. Referendado por um dirigente nacional do partido, que o acompanhou do início ao fim.
Não deve haver intervenção. Os dirigentes nacionais petistas conhecem a lógica do partido, mas aprenderam mesmo foi a lógica do cálculo eleitoral.
De maneira alguma levarão para o centro do debate nacional, para a campanha de Dilma, os escândalos do Senado em torno de José Sarney e a operação Barrica da Polícia Federal que fecha o cerco a Fernando Sarney. Seria um prato cheio para Serra, Marina e Ciro.
Entregar o PT do Maranhão à velha oligarquia seria pôr em risco o tema que a campanha objetiva pautar: construir o plebiscito entre a continuidade das mudanças e o retorno do atraso da gestão tucana de FHC.
A campanha de Dilma não deve pagar esse preço que coloque em xeque o projeto nacional. A compensação, por certo, será outra. É preciso, contudo, manter a mobilização permanente da militância para precaver qualquer reversão do resultado conquistado.
Vencemos, portanto, porque soubemos mais do que nunca assumir aquele mais enraizado sentimento que é o da mãe que luta pelo filho até o último instante.
Lutamos pelo filho das lutas maranhenses, herdeiro de Negro Cosme, Padre Josimo, Maria Aragão, da luta pela meia-passagem, pela anistia, da luta pelas Diretas, pelo impeachment de Collor, da militância nas ruas sem medo de ser feliz em 1989.
Vencemos porque a esperança venceu o medo. Lutamos pelo nosso petê. Ante o contexto, a pequena diferença de dois votos, foi uma grande e enorme vitória!
Ao colocar no centro de sua tática ter o Partido dos Trabalhadores, sua estrela, seu tempo de TV, Lula e Dilma em seu palanque, Roseana Sarney inicia a campanha perdendo. Passou ao Maranhão que mesmo com a máquina do Estado não é imbatível. Que o sonho – de nova vitória popular sobre a velha oligarquia – não acabou.
Se não conseguiu controlar um “pequeno” partido e 175 delegados em seu encontro, será capaz de controlar o sentimento de seis milhões de maranhenses ávidos pela autêntica mudança?
Vencemos porque o PT das lutas vivas do povo maranhense não morreu. Viva o PT!
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(*) Franklin Douglas – jornalista e professor, 36 anos. Email: franklindouglas@elo.com.br

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