Mais quatro pessoas estariam marcadas para morrer no município de Nova Ipixuna, por conta de questões agrárias, segundo a Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetagri): o presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais do município, Eduardo Rodrigues da Silva, o presidente da Associação do Assentamento Praialta/Piranheira, Osmar Cruz Lima, e os vereadores Batista e Valdemir. Os ameaçados estariam contrariando os interesses de madeireiros.
A Fetagri diz já ter encaminhado a lista para os órgãos competentes mas, segundo a entidade, nenhuma providência foi tomada para garantir proteção. Francisco Solidade, coordenador de formação da Fetagri, disse ontem que além desses quatro, outras lideranças que tentam barrar a exploração predatória também estão sendo ameaçadas.
“Estamos tentando uma audiência com o delegado de Nova Ipixuna para denunciar essa questão. As pessoas no projeto extrativista Praialta/Piranheira estão apavoradas e ficam aterrorizadas quando veem uma moto ou carro se aproximando do local”, diz Solidade.
Foi perto desse local que os extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo foram assassinados a tiros na tarde do último dia 24. Solidade disse que os moradores do assentamento não querem que Eduardo Rodrigues apareça no local. “Ele (Eduardo) recebe os mesmos recados que o Zé Cláudio e a Maria recebiam e todos sabem como eles acabaram. A situação está muito tensa no local”, diz.
Há cerca de quinze dias, a sindicalista Maria Joel Dias da Costa, viúva do sindicalista Dezinho, morto em 2000, em Rondon do Pará, teve seus direitos de proteção ameaçados. A assessoria do deputado estadual Milton Zimmer (PT) afirma que o atual titular da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Segup), Luiz Fernandes, queria retirar os policiais que garantem a ela segurança 24 horas. A Segup negou a informação, reforçando que a sindicalista faz parte do Programa Estadual de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos e que tem, inclusive, contato direto com o próprio secretário.
Dentre os quatro ameaçados, o DIÁRIO só conseguiu contatar o vereador Batista, que negou que estivesse sendo ameaçado. “Já estive numa lista de morte quando atuava em Marabá, mas agora não”, garante.
A bancada do Partido dos Trabalhadores na Assembleia Legislativa acionou os órgãos de segurança na semana passada para pedir ações mais enérgicas. Mas diante do novo crime, os deputados iriam se reunir ontem à tarde para definir as estratégias para combater a violência e a impunidade no campo. O DIÁRIO não conseguiu apurar o resultado da reunião.
A Polícia Civil informou, por sua assessoria de imprensa, desconhecer as ameaças às lideranças e aos vereadores. Segundo a assessoria, policiais civis, incluindo o delegado geral adjunto Rilmar Firmino, estão na região desde a morte de José Cláudio e Maria do Espírito Santo e em nenhum momento as ameaças a essas pessoas foram anunciadas.
Matéria publicada no Diário do Pará
Um comentário:
Meu camarada Vanterlor. Primeiro parabenizo o espaço de debate e a forma de conduzida.
Em relação a lista dos ameaçados, muitos já foram eliminados pelas ações desenvolvidas em defesa dos trabalhadores, da reforma agrária e pela preservação do floresta. Como afirmou o vereador Batista, verdadeiro em sua fala, estendendo ao vereador Valdemir, os demais não oferecem ameaça a ninguém, pois são incapaz de oferecer qualquer denuncia de crime ambiental. Conheço a galera e suas coragens.
Abraço.
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