sábado, 26 de fevereiro de 2011

Carta aberta à militância petista

*Por Jorge Neri

Tempos de trovões, trovoadas, enxurradas e um barco a deriva

Havia prometido a mim mesmo não escrever mais sobre os dilemas do PT em Parauapebas. Primeiro porque não há o habito da leitura entre os militantes do partido, com raríssimas exceções. Segundo porque a reflexão teórica sempre vai padecer de matéria política mais solida (se é possível solidez em matéria de política) para apontar medidas que tenham algum grau de autonomia em relação ao poder que emana do “Palácio do Morro dos Ventos”, ou mesmo de seus corredores.

Se for verdade que o PT tem dado certa lição aos seus congêneres no que diz respeito à gestão partidária em nível nacional, em Parauapebas o PT segue como coisa a mercê das recentes enxurradas que afogam as margens do Rio parauapebas e do Sebosinho. “La vai o PT boiando, lá vem o PT boiando” diz um militante tentando entender as “mensagens” que vem de cima.

Calma! Dirão alguns, é tempo de trovoadas e temporais. Com tanta água assim é claro que os rios enchem, transbordam e barcos ficam a deriva. No entanto não são as agruras do tempo que me afligem nem o rio caudaloso que vai invadindo suas margens e sim o barco e seu timoneiro: O PT e sua direção.

No ano em todos se preparam para a próxima batalha eleitoral na disputa pelo posto de alcaide, nosso partido, não consegue sequer definir como se comportara durante o processo que nos levará a 2012.

Vejamos: Nossa prioridade é fortalecer, como partido, a gestão do governo? Se mesmo quiser, como o partido de fortalecer seu governo? É renunciando secretarias, que ainda tem, para serem ocupadas por possíveis aliados, e assim garantir uma aliança que compartilhe o poder até 2013? E estando em outros espaços de governo? Priorizando os espaços que tem? Como?

Ou seria melhor não estar no governo e fortalecer os espaços na sociedade? Ou ainda fortalecer a atuação da bancada parlamentar petista e buscar ampliar-la em 2012?

O PT tem pretensão de influenciar na manutenção de Parauapebas e a disputa de outras prefeituras na região? De antemão o0 que lemos no cabuloso tempo da política local é que não!

Não temos condições partidárias – Como instrumentos político dos trabalhadores – de disputar a hegemonia de um projeto político e social pela esquerda, humanista capaz de propor outro modelo de desenvolvimento que seja de subordinação completa aos interesses irracionais da capital. Que seja fomentador de um desenvolvimento forjado na noção de soberania popular, que traga dentro de si uma nova etapa civilizatória. Que ponha fim à séculos de inclusão periférica de nossa região ao mecanismo de exploração multinacional que com ferocidade cada vez mais agressiva leva os últimos torrões de nossa riqueza. Riqueza essa que é condição indispensável para nossa autonomia e independência no futuro.

Não. Não é esse o partido que temos. Os pobres se multiplicam nas periferias ilegais. Empresas quebram, exércitos de desempregados se enfileiram frente a placas de anunciam algumas vagas de empregos precarizados.

Multidões de trabalhadores vindos de outros pontos de nossa pátria estacionam em nossa cidade. Os serviços públicos, não dão conta –independente da competência do gestor- de sanar as demandas crescentes enquanto a principal promotora de “desenvolvimento regional”, a Vale, sequer é enfrentada pelo partido como um agente que precisa arcar com as conseqüências de seu enriquecimento astronômico expressos em seus balancetes anuais.

Não. O partido não esta na sociedade, l por isso não pode ajudá-la a ver os males que a cercam. Não é instrumento de luta política pela distribuição de riqueza e renda, porque virou instrumento de barganha, cada vez mais sem cor. Talvez por isso a ausência de nossas bandeiras vermelha nas ruas.

Não tem luta social, embora haja muitos problemas sociais decorrentes do mo delo predatório de exploração a que estamos subordinados. Por isso quando os pobres -em sua passividade limítrofe- percebem problemas, enxergam logo a Prefeitura como alvo mais fácil a se atingir. Se bem que mais perto é a Câmara.

Mas se o partido não esta na sociedade como instrumento dos trabalhadores na luta por seus direitos, parece não esta no comando das diretrizes políticas da gestão, onde então está o PT?

Os mais de mil filiados do PT (militância: substancia material sem a qual não existe o partido) estão perplexos. Não sabem o que fazer. No Máximo sabem que devem fazer campanha para que a “direita” não retorne ao poder.

Mas quem é mesmo de direita por essas bandas? O PMDB? Parece que não é mais? O PSDB de Faisal, não faz mal. O PDT? Mas não era aliado? O PTB do Massud? Não era secretário do nosso governo?{} o PPS? “E de esquerda e ficará conosco”, dirá o companheiro Claudio Feitosa? Quem e por onde virão as elites locais para retornarem o comando da gestão. Ou já estão elas representadas?

Tem um “blocão” de oposição se formando...

Provavelmente o PT não saiba o que quer porque Darci tem capacidade de fazer o que quer. Mesmo que ninguém o entenda. Ninguém usa melhor o poder que o próprio se usa bem, dependem de quem ler as linhas de seu legado político, que passará a ser o legado do Partido dos Trabalhadores em Parauapebas

Sou daqueles que sonham com o levante dos pobres. Dirão: “que tolice”. Eu digo que há alguns dias muitos diziam se impossível um movimento de massas derrubarem Mubarak no Egito, assim como por em xeque o governo traidor da Líbia de Gadaffi... Israel e o Estados unidos tremem frente a onda que se movimenta no Oriente Médio e no Norte da África.

Só os militantes petistas – aqueles que não vieram à luz por partos de inseminação artificial- poderão repensar e refazer o futuro do PT.

O PT em Parauapebas precisa com urgência escutar suas bases. “As tentativas de acordo (por cima) foram abortadas”. “Vamos escutar a voz de nosso povo” Lula diria isso. Porque quando todos nós abandonarem: Os nossos ricos, o aliados dos tempos bons, os partidos de aluguel, os bajuladores e puxa-sacos, só nos restarão nosso militantes, mesmo que quebrados por dentro. E sem nenhuma vergonha de assumirem que vieram do seio do nosso povo: dos operários, camponeses com e sem terra, dos professores, dos bairros populares, da juventude que ainda ensaia rebeldia, dos sindicatos, das pastorais e dos cantos onde a esperança não tem medo de temporais.

Como integrante do Diretório Municipal, assumo minha parcela de incapacidade, incompetência e profunda falta de habilidade de entender que esta na hora de refundar o PT, a partir de baixo. E como militante pronto para enfrentar as tempestades que virão.

Saudações petistas.

*Jorge Neri é membro do Diretório Municipal do PT

Integrante da Tendência Interna – Articulação Socialista

7 comentários:

Anônimo disse...

O PT em Parauapebas é um "partido partido" e ponto final. Jamais foi um "partido" no sentido de uma parcela ou grande parcela de uma sociedade UNIDA em torno de um projeto ou de uma ideologia.

Não tem legado a transmitir ou história a se lembrar, salvo algo como: 1) incompetência; 2) arrogância; e 3) CORRUPÇÃO.

O que discordar do J.Neri? Nada!

J. Neri descobre hoje sua grande contribuição para a realidade petista em nossa cidade. O que ele detecta "hoje" na sua análise comportamental do alcaide petista é aquilo que o alcaide sempre foi, com muita mais "traquinagens" e "maledicências" quando se fazia acompanhar pelo J. Neri e sua claque.

Será que leitura do J.Neri apenas vem pelo fato de que ele e sua trupe foram apeados da "tetinha"? Não tenho a resposta.

Já disse Tomás de Aquino: a inteligência do homem é a medida de sua capacidade de adequar-se a realidade.

J. Neri é muito inteligente, ajusta-se rapidamente à realidade. O povo da AE também.

Para todas as "realidades" é sempre possível escrever um bom e respeitável texto analítico!

Oh, dó!

Abs>: Saudações Petistas

Anônimo disse...

...O PT em Parauapebas precisa com urgência escutar as suas bases...

É Negão - nada melhor que um dia atrás do outro!

E vai discordar! Vai!

Que bases? Sobre o quê?

Se fosse algo sério, até que não seria tão ridículo!

Enquanto isso, na sala das finanças e no morro dos ventos uivantes é tudo uma alegria só! Oh, dó!

Marcos Ribeiro disse...

Trabalhei com Jorge Neri, e nunca me arrependi, mesmo eu sendo pôsto na geladeira tanto pelo governo ou pela tendencia a qual pertenço, nunca me furtei em apoiar este grande estrategista que é o Jorginho.
A única vez em que não o apoiei foi na ultima eleiçao.
Jorginho é um militante social extraordinario.
Uma vez no carnaval eu o elogiei com uma dama do pt,não sei que numeração ela ocupa hoje (se é que me entendem) e a resposta foi, vc ta admirando a pessoa errada.Famosa por sua arrogancia, me perseguiu muito desde o inicio do governo.
Pois bem, com isso, acredito em voce jorge, e adorei seu texto e o apoio como em outrora. firme e forte

Marcos Ribeiro disse...

Tem coisas que é preciso dizer, pra entenderem melhor quem é jorge neri, vou dar um exemplo prático:
Todos sabem que a máquina pública sempre andou enxertada de gente.
Uma vez queriam mandar embora um conjunto de umas 12 mulheres, aí mandaram pra secretaria de planejamento, o jorge me incumbiu de treina-las para fazer uma pesquisa em todas as associações de parauapebas. Pois bem, as treinei e foram a campo, o material colhido foi de extrema importancia, tivemos um espelho de como operavam as associações, e de como poderiam contribuir de fato para a sociedade. Quero dizer aqui, que o que seria um estorvo em outras secretarias, virou trabalho na nossa secretaria sob o comando de jorge neri, e eu, humildemente fiz parte disso. Esta pesquisa tenho até hoje em minhas mãos, só que não foi possivel dar o proximo passo porque
não dependeria mais nem de mim e nem do jorge, dependeria de ações de quem comanda de fato...
"Gente vira estorvo nas mãos erradas,e vira resolução de problemas nas mãos de pessoas certas"

Anônimo disse...

Trechos de Disparada pro J.Neri que parece que não aprendeu ainda que gente não é boi, nem povo é boiada!

(...)
Aprendi a dizer não
Ver a morte sem chorar
E a morte, o destino, tudo
A morte e o destino, tudo
Estava fora do lugar
Eu vivo prá consertar...

Na boiada já fui boi
Mas um dia me montei
Não por um motivo meu
Ou de quem comigo houvesse
Que qualquer querer tivesse
Porém por necessidade
Do dono de uma boiada
Cujo vaqueiro morreu...
(...)
Mas o mundo foi rodando
Nas patas do meu cavalo
E nos sonhos
Que fui sonhando
As visões se clareando
As visões se clareando
Até que um dia acordei...

Se você não concordar
Não posso me desculpar
Não canto prá enganar
Vou pegar minha viola
Vou deixar você de lado
Vou cantar noutro lugar
(...)


Oh, dó!

popo disse...

gostaria de ver uma analise deste texto soba a ótica de leonidas mendes

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