“Nunca me perguntaram se cometi
um assassinato”
Em carta, italiano reclama que não teve oportunidade de se defender
Priscilla Mendes, do R7, em Brasília
O ex-ativista de esquerda italiano Cesare Battisti enviou nesta quinta-feira (3) uma carta ao Congresso Nacional na qual reclama que não teve oportunidade de se defender quando condenado à prisão perpétua. A mensagem foi lida em plenário pelo senado Eduardo Suplicy (PT-SP), que visitou o italiano nesta manhã no presídio da Papuda, em Brasília.
“Até agora, nunca qualquer autoridade policial ou qualquer juiz me perguntou se eu cometi um assassinato. Durante a instrução do processo e o julgamento onde fui condenado à prisão perpétua, eu me encontrava exilado no México e não tive a oportunidade de me defender”, diz a carta do italiano.
Battisti, de 56 anos, foi condenado à revelia em seu país a uma pena de prisão perpétua pelo assassinato de quatro pessoas entre 1977 e 1979. Na época, ele integrava a organização PAC (Proletários Armados pelo Comunismo).
Na carta enviada aos parlamentares, o italiano diz que, nos anos 70, participou de ações de protesto como membro do PAC. Ele assegura, no entanto, que nunca “provocou ferimentos ou a morte de qualquer ser humano”.
Battisti segue dizendo que, nos últimos 30 anos, no México, na França e no Brasil, dedicou-se a escrever livros e a atividades “de solidariedade às comunidades carentes”. Seus livros e documentários, segundo o ativista, estão relacionados à realização da “justiça social”.
- Desejo muito colaborar com esses objetivos de construção de uma sociedade justa, no Brasil, por meios pacíficos, durante o resto de minha vida.
A condenação de Battisti na Itália ocorreu após sua fuga em 1981 para a França, que acolheu italianos sob a condição de que abandonassem a luta armada. Em 2007, ele deixou a França após a revogação de sua condição de refugiado, vindo para o Brasil. O italiano foi preso no Rio de Janeiro e desde então cumpre prisão preventiva para fins de extradição no Complexo Penitenciário da Papuda.
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