Para Sindicato dos Urbanitários apenas federalização da distribuidora pode contornar situação
Escrito por: William Pedreira
À beira da falência, sem pagar os trabalhadores e com pedido de recuperação judicial em andamento. Este é o cenário caótico deixado pelo Grupo Rede responsável pela administração das Centrais Elétricas do Pará (Celpa), a distribuidora de energia do Estado.
Fruto da privatização sacramentada em 1998, a má gestão e o descaso geraram uma dívida que chega a R$ 2 bilhões. Ao assumir o controle da Cepal, o Grupo Rede apostou na lógica de que o mercado seria a solução na busca pelos lucros. E quem pagou a conta foram a população e os trabalhadores.
“Logo no início da privatização mais de dois mil trabalhadores foram demitidos criando um processo de sucateamento da Celpa, precarização das relações de trabalho que geraram diversos acidentes. O Grupo Rede repassou mais de R$600 milhões para outras regiões enquanto que o Pará continua amargando anos sem investimentos”, denuncia Ronaldo Romeiro, presidente do Sindicato dos Urbanitários do Pará.
Segundo Romeiro, dados de 2010 mostram que a Cepal é hoje a pior distribuidora de energia entre as 64 existentes no Brasil quando o assunto é qualidade de serviço. “É inaceitável que o Pará, sendo um estado produtor e exportador de energia, chegue a este patamar. Aproveitam o que interessa e deixam o bagaço aqui”, rechaça.
Diante da situação, os eletricitários realizaram uma paralisação de 48 horas nos dias 5 e 6 de março para protestar contra a má gestão do Grupo Rede, a falta do pagamento da 38ª parcela do acordo judicial do Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) e pela federalização da Celpa.
Junto com Franklin Moreira, presidente da FNU (Federação Nacional dos Urbanitários), Romeiro esteve em Brasília nesta terça (6) em reunião com o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann. Escutaram dele que o governo só irá acompanhar o processo, sem intervir. “Muito cômodo o governo ficar parado vendo a banda passar enquanto o povo paraense continua sofrendo. O governo precisa tomar uma posição efetiva que busque o controle da Celpa”, declara.
“A solução mais viável e o que nos reivindicamos é que a haja um processo de federalização, com o controle passando para a Eletrobrás que é detentora de 34,5% de suas ações”, complementa.
Segundo Romeiro, os trabalhadores entraram em estado de greve e uma paralisação geral não está descartada. Uma nova assembleia será realizada na sexta (9) para definir as próximas ações.
População: vítima do descaso
Fiscalização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) detectou que, em 2011, os consumidores da Celpa ficaram, em média, 106 horas sem energia por falhas da distribuidora.
Um prazo de 60 dias foi estipulado para que a distribuidora apresente um plano buscando a correção de falhas na qualidade dos serviços prestados. “Tudo isso poderia ser resolvido caso o controle da distribuidora fosse repassado para a Eletrobras”, reflete Romeiro.
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